quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Bom,
esse blog anda um pouco abandonado, mas aqui vai um belo texto dele



O céu estava azul e o sol bem quente naquela tarde tropical. A patrulha estava animada, pois, após dias de marasmo, tudo indicava que chegaríamos a algum lugar naquela tarde. Os uniformes encharcados pela chuva dos dias anteriores e pelo suor dos rapazes tinha um cheiro acido que feria minhas narinas cada vez que uma rajada de vento nos atingia. Pensei que já devia estar acostumado àquela situação, mas, Deus, com certeza eu não estava.

Éramos eu, Ferreira, Mathias, Lanzilotte e Silva, os que estavam caminhando. E certamente aquela tarde ficaria gravada em nossas mentes e em nossos corações.

Foi Ferreira quem avistou primeiro a estranha edificação composta pelas ruínas de um galpão abandonado e metade de um prédio de dois andares. Aceleramos o passo para chegar mais perto. A um sinal de Mathias, o frente de nosso time, todos destravaram as armas e colocaram as máscaras sobre o rosto.

Mathias vira o que todos nós vimos depois. Várias marcas de tiro enfeitavam as deterioradas paredes do galpão. Havia também manchas de sangue e cápsulas espalhadas pelo chão. Ficamos todos em estado de alerta, arma em punho e adrenalina a mil. Sabíamos que algo grande estava para começar. Ouvimos um apito, um grito e uma rajada.

A patrulha espalhou-se. Cada um correu para trás de qualquer coisa que pudesse servir de escudo ou anteparo. Qualquer proteção contra o ataque impiedoso daqueles desconhecidos adversários.

Não nos preparamos, não tínhamos estratégia, aqueles que nos lideraram até aquele lugar, Mathias e Ferreira, estavam escondidos e tão distantes que o desespero fez morada entre nós.

Atirávamos a esmo, gastando preciosa munição que poderia fazer falta mais tarde. Assistíamos os tiros adversários chocarem-se contra as paredes, e atirávamos de volta, como que querendo adivinhar o local de origem daqueles tiros. Ouvíamos o zumbido dos tiros passando próximos às nossas cabeças e tememos pelo pior.

Nosso inimigo não se mostrava indiferente ao nosso desespero. Atirava mais e tripudiava.

Num momento em que não houve tiros, percebi que, se quisesse ver alguma coisa não poderia ficar atrás do monte de pneus onde eu estava. Precisava avançar. Mathias e Ferreira estavam longe demais para dar as ordens e eu não fazia idéia de onde estavam os outros dois.

Dirigi-me a um lugar logo a frente, mas, um pouco à direita de onde estava, ficando escondido atrás de algo que um dia deve ter sido uma cama. Do novo ângulo minha visão estava desimpedida e a primeira pessoa que vi já reconheci. Mesmo sob o uniforme azul e a máscara identifiquei o Cel Lima, que dava instruções a membros de sua equipe. Certamente o Capitão Bittencourt e o tentente Paz – Eita nome sugestivo - estariam com ele, mas, eu não os via.

Outra coisa boa da minha nova posição e que eu conseguia ver, em linha reta, dois soldados do inimigo de lado, a 45º de onde eu estava, atirando para onde deveriam estar Ferreira e Mathias... Não pensei duas vezes e atirei repetidas vezes, por vezes apurando a mira, por vezes, lançando rajadas a esmo. Logo havia colocado fora de combate três soldados inimigos. Identifiquei que um dos atingidos era o Tenente Paz, e os outros dois eram realmente miúdos.

Com o campo limpo à minha frente, gritei para Lanzilotte e pedi que me desse cobertura para que pudesse avançar em linha reta, tentando encurralar algum outro oponente. Acho que Lanzilotte não me ouviu, mas, ainda assim avancei.

Primeiro atrás de pneus, depois agachado próximo a uma barricada de madeira. Dessa distância percebi que uma das pessoas que eu atingira, um dos soldados do tentente Paz agonizava próximo a mim, o soldado tirou a máscara para poder respirar melhor e quando isso ocorreu, estremeci por completo. O soldado que eu acertara era a minha esposa e sua parenta, filha do Dr Blois.

Certamente, o coronel Lima Andrade havia recrutado a todos para a luta e ela, sem saber de que lado ele estava juntou-se a ele.

Minha única intenção era conforta-la e fui para junto dela. Abaixei minha arma, levantei a cabeça e senti um baque na máscara e um gosto amargo na boca. Olhei para a direção do tiro a tempo de ver que Ferreira e Mathias haviam atingido o Cel Lima Andrade no exato momento em que ele se virara para me atingir.

Na hora somente pensei que, agora vou ficar mais perto de minha esposa...

A última coisa que ouvi foi o tiro de Lanzilotte em Bittencourt, e logo depois um novo apito.

Era o árbitro, terminando o Jogo de Paint Ball.

Ganhamos pois matamos os cinco oponentes!!! E só quem morreu fui eu!

A noite caiu um baita temporal e terminamos a noite num barzinho, eu, Michele, Bruno Mathias e a Germana, que não foi atingida, mas o árbitro nem sabia que ela estava lá.

Foi Punk... Muito punk...

2 comentários:

Marcus Desidério disse...

Se o gil colocasse vocês montados em cavalos e fardados cantando:
"Avante irmãos de ferradura, vamos a guerra, sangue e morte banham nossa terra"
Até que ficaria parecido com uma história minha!
hahahahahaha...
Abração!

Anônimo disse...

cês demoraram tanto que eu publiquei antes